Setembro é o mês do ano dedicado à prevenção do suicídio! Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a cada 40 segundos uma pessoa se suicida, de forma que em 2019 foram registrados mais de 700 mil suicídios em todo o mundo, superando mortes por HIV, malária, câncer de mama, guerras e homicídios.
No Brasil, de acordo com os cálculos do Ministério da Saúde, aproximadamente 14 mil indivíduos tiram suas próprias vidas anualmente, abrangendo uma faixa etária que vai desde crianças até idosos. Isso coloca o suicídio como a segunda principal causa de morte entre pessoas com idades entre 15 e 29 anos, ficando atrás apenas de acidentes de trânsito. Esse cenário ressalta a importância de esforços contínuos na prevenção e no combate ao suicídio, como as iniciativas promovidas durante o “Setembro Amarelo,” visando a redução dessas trágicas estatísticas.
A cor amarela associada a este mês de conscientização tem origem na história de Mike Emme, um jovem do Colorado (EUA) que se suicidou aos 17 anos em 8 de setembro de 1994. Mike tinha um Ford Mustang amarelo, que ele próprio restaurou e pintou. Sua trágica história desencadeou um movimento importante de prevenção, e o laço amarelo foi escolhido como símbolo dessa luta contra o suicídio.
Em consonância com a tendência de mobilização internacional em relação a esse tema, a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) e o Conselho Federal de Medicina (CFM) têm conduzido campanhas anuais desde 2014, com o propósito de conscientizar a população. Conhecida como “Setembro Amarelo,” essa iniciativa é ancorada no dia 10 do mesmo mês, que marca o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio. Durante esse período, o Brasil se une em esforços para informar, agir e combater esses atos, que, de acordo com dados da OMS, poderiam ser prevenidos em até 90% dos casos. O suicídio é atualmente considerado um problema de saúde pública de alcance global.
As taxas de suicídio apresentam variações significativas em diferentes contextos econômicos. Em países de alta renda, as taxas costumam ser mais elevadas entre os homens, atingindo cerca de 16,6 por 100 mil habitantes. Enquanto, em países de baixa/média renda, as taxas são mais altas entre mulheres, chegando a aproximadamente 7,1 por 100 mil habitantes.
No Brasil, a média é de 38 casos de suicídio por dia, de acordo com dados da OMS. Notavelmente, a quase totalidade desses casos está relacionada a distúrbios mentais, muitas vezes não diagnosticados ou tratados de forma inadequada. As taxas de suicídio no país são de 12,6 por 100 mil habitantes entre homens e 5,4 por 100 mil entre mulheres, conforme informações do Ministério da Saúde.
Durante o mês de setembro, o Ministério da Saúde realiza uma série de conteúdos sobre a importância da conscientização e do cuidado com a saúde mental, com o slogan: “Se precisar, peça ajuda!”. Informação é o primeiro passo de qualquer tratamento.
Embora a campanha não se concentre especificamente em trabalhadores, é crucial considerar o ambiente de trabalho ao abordar a questão da saúde mental e reduzir o estigma associado a ela. Especialistas destacam que a saúde mental no local de trabalho é um tema relevante e urgente. Fatores como estresse, pressão intensa, assédio, excesso de carga de trabalho e falta de apoio emocional podem contribuir significativamente para problemas de saúde mental e física dos trabalhadores.
O Tribunal Regional do Trabalho de Minas Gerais (TRT-MG), já promoveu palestras interessantes sobre o tema e outros relacionadas, como “Importância da prática de atividade física para a promoção da saúde”, “Repercussões jurídicas da violência de Gênero” e “Direitos das pessoas idosas”.
Vale lembrar que a preocupação com a população idosa é especialmente crucial, considerando que essa faixa etária é uma das mais vulneráveis em relação ao suicídio. O envelhecimento muitas vezes traz consigo sentimentos de solidão, que podem ser agravados pela presença de doenças crônicas, limitações físicas e o temor de se tornar um fardo para os familiares. Portanto, abordar essas questões e fornecer informações sobre os direitos e o apoio disponível para os idosos é fundamental para promover o bem-estar e a qualidade de vida dessa população.
Muitos outros órgãos jurídicos também promovem ações relacionadas a essa temática, como por exemplo a Corte paulista, por meio do TJ/SP, organiza palestras para o público interno sobre “Avaliação do Risco e Prevenção do Suicídio”. Tais eventos abordam vários aspectos do assunto, como comportamentos suicidas, fatores de risco, incidência em jovens, mitos e verdades, impactos da pandemia na saúde mental e sinais que devem ser observados. O Tribunal do mesmo estado também compartilhou postagens relacionadas ao tema em suas páginas nas redes sociais.
É essencial estar atento a dados e afirmações que podem parecer verdadeiros à primeira vista, mas que, na realidade, podem ser enganosos ou simplistas. A compreensão adequada dessa questão sensível requer uma análise crítica e baseada em evidências, a fim de promover esforços eficazes de prevenção e apoio àqueles que enfrentam desafios relacionados à saúde mental. Confira na tabela abaixo, situações que parecem verdade, mas não são:
Mitos | Verdades |
O suicídio é uma decisão individual, já que cada um tem pleno direito a exercitar o seu livre-arbítrio. | Os suicidas estão passando, quase invariavelmente, por uma doença mental que altera, de forma radical, a percepção da realidade e interfere no livre-arbítrio. O tratamento eficaz da doença mental é o pilar mais importante da prevenção ao suicídio. |
As pessoas que ameaçam se matar não farão isso, querem apenas chamar a atenção. | A maioria dos suicidas fala ou dá sinais sobre suas ideias de morte. Boa parte expressou, em dias ou semanas anteriores, frequentemente aos profissionais de saúde, o desejo de se matar. |
Quando um indivíduo mostra sinais de melhora ou sobrevive a uma tentativa de suicídio, está fora de perigo. | Um dos períodos mais perigosos é quando a pessoa está melhorando da crise que motivou a tentativa ou quando ainda está no hospital, na sequência de uma tentativa. Na semana após a alta hospitalar, a pessoa está particularmente fragilizada, ou seja, o risco muitas vezes continua alto. |
Não se deve falar sobre suicídio, pois aumenta o risco. | Muito pelo contrário, falar com alguém sobre o assunto pode aliviar a angústia e a tensão que esses pensamentos trazem. |
Ao contrário do que muitos pensam, o autoextermínio pode afetar pessoas de qualquer faixa etária. Existem alguns mecanismos de prevenção ao suicídio vinculados ao Poder Público. Um deles é o telefone 188, uma parceria do Governo com o Centro de Valorização da Vida (CVV). Quem liga para o número pode conversar com um voluntário para receber orientações ou simplesmente desabafar. O serviço está disponível 24 horas por dia, é gratuito e recebe ligações de telefone fixo e celular.
Outra iniciativa de prevenção ao suicídio é o atendimento nos Centros de Atenção Psicossocial (Caps). Nesses locais, as pessoas têm acesso a tratamento de saúde mental, podendo ter consultas gratuitas com psicólogos e psiquiatras. Se você precisa ou conhece alguém que precise de ajuda, repasse as informações. Ser solidário pode ajudar a salvar vidas.
BIBLIOGRAFIA:
Assembléia Legislativa de São Paulo. Projeto SISPELegis divulga programação compartilhada de setembro. Disponível em: https://www.al.sp.gov.br/noticia/?id=441443. Acesso em 29. set. 2023.
TJSP – Tribunal de Justiça de São Paulo. TJSP apoia movimento Setembro Amarelo na luta contra suicídios. Disponível em: https://www.tjsp.jus.br/Noticias/Noticia?codigoNoticia=62277. Acesso em 27 set. 2023.
TJSP – Tribunal de Justiça de São Paulo. Setembro Amarelo: campanha de prevenção ao suicídio. Disponível em: https://www.tjsp.jus.br/Noticias/Noticia?codigoNoticia=85696. Acesso em 28 set. 2023.
TRT/MG – Tribunal Regional do Trabalho. TRT-MG apoia campanha Setembro Amarelo. Disponível em: https://portal.trt3.jus.br/internet/conheca-o-trt/comunicacao/noticias-institucionais/trt-mg-apoia-campanha-setembro-amarelo. Acesso em 29 set. 2023.
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