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Tomei posse, e agora?

Carolina Máximo Alves

Delegada de Polícia Civil
de Minas Gerais

Conheça os desafios enfrentados por uma Delegada recém empossada.

 

Ei, concurseiro (a). Sei bem que você estuda idealizando como será quando já estiver devidamente empossado(a). Comigo também foi assim. E é justamente isso que nos dá aquele gás extra quando estamos desanimados, não é? Bom, idealizar o futuro é inevitável. Por vezes, criamos a ilusão de que será possível controlar todas as adversidades e nos blindar de frustrações, afinal de contas, atingimos um de nossos maiores sonhos: o cargo público.

O que posso adiantar para você é que a vida pós aprovação é muito boa. Há muita comemoração, orgulho, gratidão, alívio e até a autoestima se eleva. Após a euforia, vem a preocupação: e agora, quais serão minhas novas responsabilidades e desafios?

Eu, após meses de Academia de Polícia, fui designada para uma cidadezinha interiorana pequena e pacata no Vale do Jequitinhonha, longe da capital, com uma estrutura sucateada e procedimentos acumulados. De início, um baque. Tive que lidar, simultaneamente, com o choque de realidade e o peso da responsabilidade de gerenciar identificação, trânsito, pessoas e liderar a investigação criminal.

Não serei hipócrita de falar que foi fácil, porque não foi. Contudo, à medida que você encara os desafios com leveza, gratidão e vontade de fazer diferença, você entende que é mais que um cargo, é uma missão. Somos agentes transformadores de realidades.

As surpresas positivas logo foram surgindo. No interior, o delegado de polícia é, de fato, uma autoridade. E ser autoridade vai muito além de ser chamado de “dotôra” pelos munícipes. É ter voz e ação para articular melhorias e atuação em rede. A sua simples presença causa fascínio e respeito. Por isso é tão importante dar o seu melhor e nutrir a consciência de que suas ações reverberam em dimensões exponenciais.

Cargo público exige disponibilidade, responsabilidade e afinco. É preciso gostar do que se faz. Há pobreza, há problemas, há desentendimentos. Há desacerto entre teoria e prática. Há servidores desmotivados. Há conflitos que o direito não será capaz de resolver. Mas também há a satisfação em ajudar um cidadão desamparado. Há a gratidão no olhar da população carente. Há o orgulho em ver que os inquéritos pouco a pouco estão diminuindo na raça. Há a sensação inexplicável de concluir uma investigação com louvor.

Portanto, digo: o cenário pós aprovação pode ser bem diferente do que imagina. Contudo, afirmo: valerá a pena se estiver disposto a servir ao público. Apegue-se à sua essência, confie em seus propósitos e deposite muita força de vontade em seu trabalho. O futuro tem planos maravilhosos para você. Acredite!

Comments (3)

  • Coragem Adelantesays:

    6 de December de 2019 at 15:02

    Parabéns pelo texto! Expressa um pouco da realidade nua e crua das delegacias de polícia, realidade essa muito distante daquele olhar romântico que geralmente os concursandos tem sobre o cargo. Agora, pós nomeação, é hora de produzir, e quando aquele que representa o Estado tem esse olhar humanizado para com a população, a esperança no melhor aumenta.
    Faça a sua diferença, doutora! Em breve também estarei aí!

  • Cláudio Meirelessays:

    15 de May de 2020 at 09:47

    PARABÉNS! Tenho imenso orgulho da Sra. Dra. Te vi nos bancos de faculdade, ainda menina. Uma vez a Sra. estava em sala de aula, em tom descontraído, brincava com outras colegas, “quando eu for Delegada!” Achei aquela cena uma coisa linda, aprecio muito ver gente que sonha, que idealiza. A Sra. está coberta de razão: “Bom, idealizar o futuro é inevitável.” E no dia de hoje, li uma notícia de uma operação em Pompéu que a Sra. comandou. Efusivos parabéns, fico imensamente feliz de ver gente de muito bem com a vida, realizada, vocacionada e verdadeiramente servindo e protegendo a Sociedade. Desejo-lhe todo o sucesso na carreira. Grande abraço.

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