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Recursos na prova do TJMG: língua portuguesa

 

Estas são as considerações sobre a prova, feitas pelo professor Ricardo Erse.

PROVA DA CONSULPLAN

TJMG – PORTUGUÊS

A  prova foi extremamente cansativa, devido ao tamanho de suas questões, sobretudo as de texto. Os TRÊS textos, muito grandes, exigiram a concentração dos candidatos. Todos eles correspondem a matérias jornalísticas: o primeiro dissertativo-argumentativo (REVISTA VEJA) : um artigo de opinião (também argumentativo da revista Cult:  o terceiro – texto narrativo, notícia de  extraída do portal eletrônico de “O Globo”. A parte relativa a texto realmente ofereceu dificuldade, já que fugiu ao estilo que até então a CONSULPLAN vinha praticando.  As alternativas, por vezes muito semelhantes, deixavam dúvidas até no que estava sendo questionado.

QUESTÃO 01

Letra A – A eficácia aplicada na doutrinação de combatentes do Estado Islâmico reflete-se nos resultados obtidos por tais seguidores em suas atitudes insanas e extremistas.

JUSTIFICATIVA: Veja que o 2º parágrafo do texto revela que o Estado Islâmico recompensava os combatentes por sua boa atuação, entregando a eles escravas sexuais. Releia: “Por ser um bom combatente, Ahmed foi recompensado. Ganhou quatro jovens Yazidis (mulheres de uma minoria religiosa desprezada que serviriam de escravas sexuais a ele). Assim, pode-se deduzir que que o Estado Islâmico dava-se por realizado com as atitudes insanas tomadas por seus combatentes, inclusive Ahmed.

QUESTÃO 02

Letra C – expressa a representatividade do sentimento de Ahmed em relação a ações de sua autoria declaradas no desenvolvimento.

JUSTIFICATIVA: O enunciado “Mohammed Ahmed tem tanto arrependimento ‘quanto fios de cabelo’ na cabeça” permite deduzir que  Ahmed não se arrepende: se seu arrependimento equivale aos fios de cabelo que ele como preso não deve ter, então não existe esse sentimento.  Trata-se de uma comparação entre a ausência de cabelos e a ausência de arrependimento pelo que ele fez.

QUESTÃO 03

Letra B – típico, província, será, Nínive.

JUSTIFICATIVA: tem-se, uma proparoxítona (como Islâmico) , uma paroxítona terminada em ditongo ( como Vitória), uma oxítona (como Até) e outra proparoxítona ( como Público) .

QUESTÃO 04

Letra A – pas-sa-da, sub-me-ti-da, pou-cas

JUSTIFICATIVA: (b) POIS e ES-TIG-MA-TI-ZA-VA

                             (C) IN-COM-TÁ-VEIS

                             (D) FA-MÍ-LIAS e DES-MAI-A-VA

QUESTÃO 05

Letra D – As vírgulas que aparecem no primeiro parágrafo separando o trecho “dado a um juiz da província iraquiana de Nínive” foram empregadas por fator de ordem sintática delimitando e organizando as partes do texto.

JUSTIFICATIVA: No fragmento Seu depoimento, dado a um juiz da província iraquiana de Nínive, foi reproduzido pelo Telegraph , o termo destacado é intercalado (o que a banca chama de delimitado) e separa sujeito de predicado – por isso deve vir entre virgulas.

QUESTÃO 06

LETRA B – No quinto parágrafo do texto, ocorre remissão por meio da omissão de termos que podem ser facilmente recuperados observando-se as expressões “muitas arranhavam” e “outras foram compradas”. (5º§)

JUTIFICATIVA: Releia o parágrafo:

Algumas dessas meninas e mulheres suicidaram-se para escapar à violência sexual. Muitas arranhavam o rosto e o corpo ou cobriam-se de cinzas, tentando parecer feias e causar rejeição a seus torturadores. Outras foram compradas de volta por suas famílias. Em casos raros, mulheres de combatentes, compungidas ou enciumadas, soltaram as vítimas da escravidão.

Muitas e outras são termos anafóricos (que a banca aqui chama de elemento de “remissão”) que, por estarem no feminino plural permitem a omissão dos termos a que se referem: mulheres.

QUESTÃO 07

Letra C – Tendo em vista os últimos acontecimentos, o diretor enviou cartas aos pais e responsáveis.

JUSTIFICATIVA: No enunciado, o trecho Mohamed Ahmed as vendeu a outros combatentes, traz o verbo VENDER que tem um objeto direto ( “as”) e um objeto indireto (“a outros combatentes”). O mesmo ocorre com ENVIOU: tem u objeto direto (“cartas”) e um indireto (“aos pais e responsáveis”).

QUESTÃO 08

Letra B – “Seu depoimento, dado a um juiz da província iraquiana de Nínive, foi reproduzido pelo Telegraph. ” (1º§)

JUSTIFICATIVA: Nas demais alternativas, a exclusão do sujeito não prejudica o entendimento da informação porque apresenta verbos que ficarão com sujeito oculto:

(A) “Por ser um bom combatente, foi recompensado. ” (RECUPERA-SE o referente no texto)

(C) “Diz que foi doutrinado, induzido e até drogado para combater o mais nobre dos combates: lutar pelo Estado Islâmico. ” (idem)

(D) “Foi preso em Mosul, depois dos combates e bombardeios que deixaram a cidade iraquiana com aparência de Hiroshima do deserto. (IDEM)

Na alternativa (B), o agente da ação verbal não é o sujeito, mas o agente da passiva: Seu depoimento, dado a um juiz da província iraquiana de Nínive, foi reproduzido. Ao se retirar o termo, não se consegue identificar o praticante da ação.

QUESTÃO 09

Letra A No 3º parágrafo, emprega-se uma assertiva com valor semântico implícito (Todos os profissionais do ramo sabem que não existem culpados na cadeia:), à qual acrescenta-se, a partir do sinal de dois pontos, uma ampliação que permite a compreensão da real intenção do enunciado anterior (a esmagadora maioria dos presos, em qualquer lugar, se diz inocente.).

JUSTIFICATIVA: Observe que a CONSULPLAN criou uma questão que avalia a própria construção sintática a ser percebida no uso dos dois-pontos. O que se acrescenta após esse sinal de pontuação normalmente especifica ou justifica o que se disse antes. Com o acrescentado após dois-pontos tenta elucidar ou esclarecer o que se afirmou genericamente.

QUESTÃO 10***

Letra D – a intensificação de um sentido e não a obtenção de uma informação.

JUSTIFICATIVA: Na realidade, eu trocaria a palavra “sentido” por “sentimento” – que, a meu ver, representaria um sentimento de perplexidade em relação aos vários “Ahmeds” produzidos pela doutrina. Não há, de fato uma “resposta”, porque a pergunta é retórica e leva à reflexão . Mas considero que a alternativa (A) serviria (embora mais genérica) à resposta da questão – já que revela essa perplexidade diante do fato.

QUESTÃO 11

Letra D – apresenta o assunto por meio de fatos baseados na realidade observável com o objetivo de ganhar a concordância do leitor, além de expressões que norteiam o ponto de vista que será desenvolvido no texto.

JUSTIFICATIVA:  apresenta o assunto com base na realidade observável com o objetivo de ganhar a concordância do leitor (o que se chama de tese de adesão), além de expressões que norteiam o ponto de vista que será desenvolvido no texto – já que é um artigo de opinião;

  1.   Errada, porque o início do texto não traz uma narração do assunto.
  2. Errada, já que, dois primeiros parágrafos do texto, não se pode, ainda constatar a necessidade de que haja equiparação de direitos e deveres entre homens e mulheres.
  3. Errada, pois os dois primeiros parágrafos do texto não trazem uma conclusão.

QUESTÃO 12***

Letra C – O argumento de autoridade utilizado para iniciar o texto demonstra a especialidade da autora no assunto tratado e em pesquisas quantitativas realizadas por institutos reconhecidos.

JUSTIFICATIVA: não acho que apenas a letra (C) seja uma afirmativa incorreta.

Veja : a alternativa (A) para mim não está certa, pois o emprego do advérbio “apenas” não demonstra nenhuma expectativa da articulista com relação aos dados apresentados. Esse advérbio confere uma ideia de restrição.

A alternativa (C) de fato é incorreta: não ocorre  argumento de autoridade no texto. O fato de haver pesquisas quantitativas realizadas por institutos reconhecidos não ilustra o que se chama de argumento de autoridade. Trata-se de um recurso de argumento para que  o locutor do texto  se posicione e confirme seu ponto-de-vista. Ninguém garante que, ao citar dados, a pessoa seja especialista.

O mesmo erro conceitual está em (D) – houve confusão no que chamaram de “argumento de autoridade”. Haveria se fosse citado alguém reconhecidamente notado uma autoridade em certo campo  do saber, seja por sua formação acadêmica ou contribuição na área.

QUESTÃO 13***

Letra A – “Mulheres e poder contra o culto à ignorância machista”

JUSTIFICATIVA: Para que se combata a ignorância machista , o título do texto antecipa a necessidade de duas “forças” MULHERES e PODER, o que se manteve em (A). O culto da ignorância machista( título original) é o culto que se faz a essa postura (por isso, trocaram para “culto à”).

No entanto vejo a alternativa (B) como possível também: ao se colocarem as mulheres no poder, aí estará a arma de combate à ignorância machista. Veja que o texto afirma que “Muitas pessoas se perguntam por que há tão poucas mulheres ocupando cargos nos espaços de poder em geral”; “mas ocupam pouquíssimos cargos de poder” e “Como se fosse um direito, o poder é reservado aos homens em todos os níveis…”. Há, assim, uma sugestão de que quando elas estiverem no poder, só assim é que haverá oposição a esse machismo (Mulheres no poder contra o culto da ignorância machista”)

QUESTÃO 14

Letra C – 2, 1, 1, 2

JUSTIFICATIVA:

Faltei porque (=pois) você estava doente.

Todos sabem por que (=por qual motivo) não poderei estar presente.

Não se sabe por que (= por qual motivo) realizou tal procedimento.

Este ponto de vista é porque ( = pois) não há manifestação de outro pensamento.

QUESTÃO 15

Letra A – A eficácia dos ideais machistas acha amparo e sustentabilidade não apenas na falta de algum questionamento, mas na sua ausência; permitindo sua manutenção nos dias atuais

JUSTIFICATIVA: a expressão “depreende-se” evidencia que o examinador espera que o candidato tenha feito inferências a partir de sua leitura: trata-se de achar o que está implícito, a partir de pistas suficientes para que se chegasse àquela conclusão. Assim, deduz-se ser a letra (A) , principalmente, pela presença de: “na ausência de questionamento, o machismo aparece como culto da ignorância útil na manutenção da dominação que depende do confinamento das mulheres na esfera da vida doméstica para que se mantenham longe do poder.”

QUESTÃO 16

Letra C – diante da menção de um determinado ponto de vista, há uma contrariedade.

JUSTIFICATIVA: o elemento coesivo  “Mesmo assim” – usado no trecho apresentado– tem um valor concessivo, revelando, assim, informações  que contrariam (que retificam) o ponto de vista apresentado no parágrafo anterior .

QUESTÃO 17

Letra D – apresentam termos regentes que exigem o emprego da preposição “a” associado à presença do artigo “a” em sua variação no plural

JUSTIFICATIVA: a assertiva traz o conceito de crase. Veja: “Mesmo assim, há questões básicas relativas ao que chamamos de sociedade patriarcal às quais ninguém pode se furtar. Nessa mesma sociedade em que o poder concerne aos homens, não podemos dizer que às mulheres foi reservada a violência? ”

O uso da preposição antes do relativo e antes do substantivo “mulheres” se deve à regência: se furtar a algo e ser reservado a alguém.

QUESTÃO 18

Letra C – I e III apenas.

JUSTIFICATIVA: A assertiva II está incorreta. Releia:

Em “Mesmo assim, há questões básicas relativas ao que chamamos de sociedade patriarcal às quais ninguém pode se furtar. ” (4º§) a expressão “ao que” pode ser substituída por “aquilo” preservando-se a correção linguística.

Se a expressão é preposicionada “ao que”, então deveria ser usado “àquilo”.

QUESTÃO 19

Letra C – esquivar-se / pertence

JUSTIFICATIVA: questão de sinonímia pura e simples.

QUESTÃO 20

Letra B – Tal arrogância advém do fato de que no passado houve de tudo e hoje nada possui.

JUSTIFICATIVA: A verbo “advém” tem sujeito : Tal arrogância. Vero impessoal é o que não tem sujeito.

QUESTÃO 21

Letra C – Como se fosse um direito natural, reserva-se o poder aos homens em todos os níveis, ao mesmo tempo que as mulheres sofrem sob estereótipos e idealizações também naturalizados.

JUSTIFICATIVA: Reserva-se o poder (passiva sintética) = o poder é reservado (passiva analítica); enquanto = ao mesmo tempo que (simultaneidade).

QUESTÃO 22

Letra D – O texto caracteriza-se por uma linguagem com tendência à objetividade, utilizando como recursos linguísticos o verbo na terceira pessoa, depoimentos, dados estatísticos entre outros, conferindo-lhe credibilidade.

JUSTIFICATIVA:  Por se tratar  de uma notícia, texto normalmente  objetivo (preso  à apresentação dos fatos e não à abordagem de opiniões) – é possível contatar que se usaram recursos  adequados a essa modalidade textual: uso da terceira pessoa do discurso, depoimentos envolvidos nos fatos relatados e apresentação de alguns dados estatísticos . Tudo isso pretende  de garantir a credibildiade do leitor aos fatos apresentados pelo jornalista.

QUESTÃO 23

Letra C – “[…] que reuniu até mesmo neonazistas, supremacistas brancos e simpatizantes do grupo racista Ku Klux Klan. ” (5º§)

JUSTIFICATIVA: a expressão “reuniu até mesmo neonazistas” sugere uma consideração pessoal de alguém que reforça a presença de determinado grupo mencionado no discurso.

QUESTÃO 24

Letra D – termo que não pode ser isento do uso do sinal de pontuação para separá-lo do restante da frase, podendo os travessões serem substituídos por vírgulas.

JUSTIFICATIVA: Todo duplo travessão pode ser substituído por duas vírgulas, por serem os sinais que isolam intercalação. A justificativa é o fato de se colocar termo de natureza especificativa e exemplificativa quebrando uma sequência sintática.

QUESTÃO 25

Letra A – “[…] tuitou sobre as marchas deste sábado […]” (4º§)

JUSTIFICATIVA: o termo que complementa o verbo da alternativa á preposicioando, assim como o do enunciado da questão.

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